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TIPOLOGIA TEXTUAL: NARRAÇÃO

  • Professora Sissa
  • 15 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura


A principal característica de uma narração é contar uma história, geralmente contextualizada em um tempo e espaço, nos quais transitam personagens.

Os gêneros que se apropriam da estrutura narrativa são: contos, crônicas, fábulas, romances, biografias etc.


MARCAS DISCURSIVAS DO TEXTO NARRATIVO

TEMPO: em progresso;

SER (personagem): em transformação;

APRESENTAÇÃO DOS DADOS: não-simultânea;

PAPEL DO LEITOR: Identificação – sensação de aproximação ou afastamento.

Exemplo

“Seu Antônio parou, pediu licença para se sentar e se sentou. Pediu um trago do meu cigarro, e eu o dei todo. Parecia precisar mais que eu. E começou, aos trancos e barrancos, a contar sua história. De como amou, se mudou para essa cidade muitos anos atrás, trabalhou numa grande fábrica de pneus em São Paulo e ergueu aqui, nessa cidadezinha, sua casa.

Foi vulcanizador de látex, violeiro, viajou o Brasil e descreveu como pôde umas dez cidades como sendo lindas. Envelheceu, perdeu o trabalho e hoje vive do aluguel de uma outra casa”.


(Donnie César – Moinho labirinto)

RECURSOS LINGUÍSTICOS DA NARRAÇÃO

1 - DISCURSO: O SER FALA

Os seus braços — oh! que braços, Justino, que braços! — estavam quase nus. Quando Clotilde erguia-os, parecia uma ninfa que fosse se metamorfoseando em anjo. No canto da varanda, entre as roseiras, ela disse-me: "Rodolfo, que olhar o seu. Está zangado?" Não foi possível reter o desejo que me punha a tremer, rangendo os dentes. — "Oh! não! – fiz. Estou apenas com vontade de espetar este alfinete no seu braço".

1.1 - Pretérito Perfeito do Indicativo Marcador de transformações do ser

Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última (...) E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas (...) Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Chico Buarque (Construção)

1.2 - Presente Histórico Atualização/Aproximação do fato passado

Manobram ambos o momento com cuidado – qualquer movimento errado pode desvirtuar a etérea magia que os envolve, como que numa bolha de sabão. Olham-se, falam devagar, respiram com cuidado.

- Não me convida para entrar? - Entra... Passos calculados até a entrada do prédio. Gestos medidos. Cuidados. Ele abre a porta de madeira, gentil, deixando que ela entre primeiro. Ela para diante da escada, esperando que ele a acompanhe.

Fábio Pegrucci (Bolha de Sabão)

1.3 - Monólogo Interior Fluxo de ideias – reprodução do pensamento

O som de uma vitrola coava-se nos meus ouvidos, (...) e eu diminuía, embalado nos lençóis que se transformavam numa rede. Minha mãe me embalava cantando aquela cantiga sem palavras. A cantiga morria e se avivava. Uma criancinha dormindo um sono curto, cheio de estremecimentos. Em alguns minutos a criancinha crescia, ganhava cabelos brancos e rugas. Não era minha mãe a cantar: era uma vitrola distante, tão distante que eu tinha a ilusão de que sobre o disco passeavam pernas de aranha.


2. DESCRIÇÕES Construção do ambiente da ação

Dois pobres inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo. Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia olhar lá fora. Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, anunciava o primeiro: — Um cachorro ergue a perninha no poste.

Dalton Trevisan (Dois velhinhos)

Graciliano Ramos (Angústia)

 
 
 

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